Mais uma vez sediada no Teatro Dolby, em Los Angeles, nos Estados Unidos, a 96ª edição do Oscar acontece neste domingo (10), agora mais cedo, a partir das 20h, com transmissão integral do canal TNT e do serviço de streaming Max (antigo HBO Max). Pelo segundo ano consecutivo a premiação não será exibida na TV aberta brasileira. Promovida pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS, na sigla em inglês), a cerimônia terá Jimmy Kimmel como anfitrião pela quarta vez. O comediante já exerceu a função em 2017, 2018 e 2023.
Obra mais indicada desta edição, ‘Oppenheimer’, de Christopher Nolan, disputa 13 categorias, tendo amplo favoritismo em ao menos sete delas, incluindo as de melhor filme e melhor direção. Também se destacam entre os indicados ‘Pobres Criaturas’, de Yorgos Lanthimos, que concorre em 11 categorias, e ‘Assassinos da Lua das Flores’, de Martin Scorsese, com 10 prêmios em disputa. Maior bilheteria de 2023, o fenômeno ‘Barbie’, de Greta Gerwig, tem 8 indicações em 7 categorias, pois conta com duas representantes na disputa pelo Oscar de melhor canção original, onde é favorito absoluto.
Confira os prognósticos para cada uma das 23 categorias do Oscar 2024, com o serviço de streaming onde o indicado está disponível sinalizado entre parênteses ao lado da primeira menção de cada título:
Filme: desde a vitória de ‘Nomadland’, em 2021, um filme não era tão favorito como ‘Oppenheimer’ (aluguel digital). Após conquistar todos os principais indicativos que precedem o Oscar – em ordem cronológica: Globo de Ouro, Critics Choice, DGA (sindicato dos diretores), Bafta (academia britânica), SAG (sindicato dos atores) e PGA (sindicato dos produtores) – qualquer outro ganhador seria uma surpresa histórica.
Direção: trilhando o mesmo caminho vitorioso de seu filme na temporada de premiações, o britânico Christopher Nolan, de ‘Openheimer’, levará seu primeiro Oscar mais de 20 anos após sua primeira indicação (pelo roteiro de ‘Amnésia’, em 2002).
Atriz: uma das maiores incertezas da noite traz Emma Stone, em busca de seu segundo Oscar e entregue de corpo e alma à sua personagem em ‘Pobres Criaturas’ (em cartaz nos cinemas), e Lily Gladstone, cirurgicamente comedida em ‘Assassinos da Lua das Flores’ (AppleTV+). Emma venceu Globo de Ouro (atriz em comédia), Critics Choice e Bafta, enquanto Lily faturou Globo de Ouro (atriz em drama) e o prêmio do sindicato dos atores (SAG).
Ator: por outro lado, uma disputa que parecia se polarizar entre Paul Giamatti, de ‘Os Rejeitados’ (em cartaz), vencedor do Globo de Ouro (comédia) e do Critics Choice, e Cillian Murphy, personagem-título em ‘Oppenheimer’ e também ganhador do Globo de Ouro (drama), pendeu para o lado do segundo a partir de suas conquistas no Bafta e no sindicato dos atores (SAG).
Atriz Coadjuvante: se entre protagonistas a dúvida é grande, o prêmio aqui é tão certo para Da’Vine Joy Randolph, de ‘Os Rejeitados’, quanto os de ‘Oppenheimer’ já citados. A atriz e cantora não deu chance para as concorrentes e varreu a temporada de premiações, ganhando tudo que podia.
Ator Coadjuvante: da mesma forma, Robert Downey Jr., que rouba a cena em ‘Oppenheimer’, é franco favorito entre os homens. Se não foi tão avassalador quanto Da’Vine Joy Randolph nas premiações, carimbou as mais significativas no caminho para o Oscar: Globo de Ouro, Critics Choice, Bafta e SAG.
Roteiro Original: ‘Os Rejeitados’, escrito por David Hemingson, ganhou mais prêmios, mas o francês ‘Anatomia de Uma Queda’ (em cartaz), roteirizado por Arthur Harari e pela diretora, Justine Triet, conquistou honrarias de maior peso (Bafta e Globo de Ouro) e vem sendo a sensação da temporada, tornando-se, por isso, o novo favorito na categoria.
Roteiro Adaptado: em cenário semelhante, ‘Oppenheimer’, adaptado por seu diretor, Christopher Nolan, venceu mais vezes, mas foi ‘Ficção Americana’ (Prime Video), também adaptado por seu diretor, Cord Jefferson, que levou prêmios mais importantes (Bafta e Critics Choice), passando a ter ligeiro favoritismo.
Filme Internacional: o vacilo da França em preterir ‘Anatomia de Uma Queda’ como seu representante neste prêmio deixa livre o caminho para o britânico ‘Zona de Interesse’ (em cartaz), de Jonathan Glazer, conquistar o primeiro Oscar do Reino Unido na categoria.
Documentário: a categoria mais politizada do Oscar não deixará por menos e seguirá protestando contra as ações do presidente russo Vladimir Putin sobre a Ucrânia. A recente e suspeita morte do principal opositor de Putin, Alexander Navalny, cujo documentário a seu respeito venceu este mesmo prêmio em 2023, reforça o favoritismo de ‘20 Dias em Mariupol’ (em cartaz), corajoso relato de Mstyslav Chernov sobre os primeiros dias da ofensiva russa em território ucraniano.
Documentário em Curta-Metragem: é bem verdade que ‘Vovó e Avó‘, de Sean Wang, colecionou mais prêmios ao longo do ano e que o histórico da categoria favorece produções protagonizadas por pessoas idosas, mas ‘A Última Loja de Consertos’ (Disney+), de Ben Proudfoot e Kris Bowers, é, de longe, o mais caprichado dos indicados e pode dar a Proudfoot seu segundo Oscar na categoria em apenas três indicações, após vencer com ‘A Rainha do Basquete’ em 2022.
Animação: Disney e Pixar já venceram 15 das 22 estatuetas entregues nesta categoria, instituída em 2002, mas pelo segundo ano seguido sairão de mãos vazias, pois a disputa desta vez está entre ‘Homem-Aranha: Através do Aranhaverso’ (Max), sequência do sucesso que já venceu o prêmio em 2019, e ‘O Menino e a Garça’ (em cartaz), do lendário animador japonês Hayao Miyazaki e seu consagrado Studio Ghibli, que buscam seu segundo Oscar 21 anos após a conquista de ‘A Viagem de Chihiro’, em 2003.
Animação em Curta-Metragem: sem representantes de Disney e Pixar pelo terceiro ano consecutivo, e sem produções bancadas por um grande estúdio ou serviço de streaming, o favoritismo parece recair sobre ‘Letter to a Pig’ (“carta para um porco”, em tradução livre), coprodução entre França e Israel assinada por Tal Kantor, que mostra um sobrevivente do holcausto contando sua história a um grupo de estudantes. Contudo não se deve descartar ‘Pachyderm’ (assista aqui), da francesa Stéphanie Clément, um doloroso trauma habilidosamente revelado nas entrelinhas. Por outro lado, ‘War is Over!’ (assista aqui), de Davi Mullins, inspirado na canção homônima de John Lennon e Yoko Ono, ganhou o Annie Awards, considerado o Oscar das animações, e sua vitória corroboraria a mensagem antiguerra demonstrada entre os documentários, ainda que ‘Letter to a Pig’ também o faça.
Montagem (edição): dominando a temporada e vencendo Bafta, Critics Choice e o prêmio dos sindicatos americano (ACE) e britânico (BFE), a montagem de Jennifer Lame para ‘Oppenheimer’ é a grande favorita.
Fotografia: em situação parecida, o trabalho do holandês Hoyte Van Hoytema em ‘Oppenheimer’ foi soberano nas premiações, incluindo conquistas no Bafta, Critics Choice e sindicato americano (ASC), tornando-o favorito ao prêmio.
Design de Produção (direção de arte): Sarah Greenwood e Katie Spencer chegam à sétima indicação da dupla buscando seu primeiro Oscar com ‘Barbie’ (Max), disparado o maior vencedor da temporada, incluindo o Critics Choice. No entanto, James Price, Shona Heath e Zsuzsa Mihalek, indicados pela primeira vez, venceram bem menos com ‘Pobres Criaturas’, mas em premiações mais relevantes, casos do Bafta e do sindicato da categoria (ADG), mantendo a disputa em aberto.
Figurino: espelhando a categoria anterior, ‘Barbie’ tem mais vitórias na temporada, que incluem triunfos no Critics Choice e no sindicato (CDG – na categoria ficção científica e fantasia), e pode dar à Jacqueline Durran seu terceiro Oscar em nove indicações. Ao passo que ‘Pobres Criaturas’ levou Bafta e também o prêmio do sindicato (categoria filme de época), mantendo as chances de Holly Waddington ganhar o Oscar logo em sua primeira indicação.
Maquiagem e Cabelo: em busca de seu terceiro Oscar em cinco indicações, o britânico Mark Coulier é o destaque da equipe de ‘Pobres Criaturas’, ganhadora do Bafta, mas preterida na premiação do sindicato (MUAHS). Em contrapartida, com ‘Maestro’ (Netflix), que não se deu bem no Bafta, mas foi o principal vencedor no sindicato, o japonês Kazu Hiro também pode conquistar sua terceira estatueta da Academia em cinco disputas.
Efeitos Visuais: liderado pelo veterano Neil Corbould, que tenta seu terceiro Oscar em oito indicações, ‘Resistência’ (Star+) foi o grande vencedor na premiação do sindicato da categoria (VES), passando a ter ligeiro favoritismo sobre a produção japonesa ‘Godzilla Minus One’ (indisponível no momento), com quem dividiu prêmios na temporada e que ficou de fora tanto da premiação do sindicato quanto do Bafta, onde o vencedor foi ‘Pobres Criaturas’, esnobado pelo Oscar nesta categoria.
Som: com uma equipe experiente e ganhadora de inúmeros Oscar, ‘Oppenheimer’ foi o mais vitorioso da temporada, faturando, além do Critics Choice, o prêmio dos dois sindicatos da categoria (CAS e MPSE). Entretanto, a vitória de ‘Zona de Interesse’ no Bafta mantém alguma chance de zebra.
Trilha Sonora: a música de Ludwig Göransson para ‘Oppenheimer’ dominou as premiações e deve dar ao compositor sueco seu segundo Oscar em apenas três indicações.
Canção Original: com duas canções entre as indicadas, ‘Barbie’ deve confirmar seu amplo favoritismo. A dúvida é se a conquista virá com “What was I made for?” (ouça abaixo), o que significaria o segundo Oscar de Billie Eilish e Finneas O’Connell num intervalo de apenas três anos (venceram em 2022 por “No time to die”, de ‘007: Sem Tempo Para Morrer’), ou com “I’m just Ken”, que também faria de Mark Ronson e Andrew Wyatt vencedores na Academia pela segunda vez (ganharam em 2019 com “Shallow”, de ‘Nasce Uma Estrela’).
Curta-Metragem: ‘A Incrível História de Henry Sugar’ (Netflix), do já consolidado diretor Wes Anderson, tem a força da gigante do streaming a seu favor e é o favorito, mas vale dar uma olhada em ‘E Depois?’ (Netflix), de Misan Harriman. ‘Invicible’, sensível produção canadense de Vincent René-Lortie, pode surpreender e está disponível gratuitamente aqui. ‘Red, White and Blue’ (disponível para aluguel aqui), de Nazrin Choudhury, tem uma virada surpreendente e cresce bastante na revisão, enquanto ‘Knight of Fortune’, do dinamarquês Lasse Lyskjær Noer, é uma comovente comédia dramática e pode ser conferida no Youtube através de uma conexão VPN, já que só está disponível nos Estados Unidos.