Um marco cultural para a cidade de São Paulo, com 53 anos de história, inaugurado em 1969, o Teatro Paiol Cultural reabre suas portas em grande estilo com programação inédita e novos ares para a região central paulistana. Em sua inauguração, com a proposta de encenar apenas peças autorais brasileiras, Perry Salles e Miriam Mehler, responsáveis pela abertura do teatro na época, viram uma dificuldade de manter a programação somente com produções nacionais, foi necessário abrir para textos estrangeiros – o primeiro espetáculo foi “À Flor da Pele” com texto de Consuelo de Castro e direção assinada por Flávio Rangel. Em 1971, o Paiol recebia a peça “Abelardo e Heloísa”, primeira montagem estrangeira com texto do britânico Ronald Millar.
TEATRO BRAVOS, LOCALIZADO NO COMPLEXO ACHÉ CULTURAL, REABRE AS PORTAS EM SÃO PAULO
Projetado pelo arquiteto Rodrigo Lefévre, o Teatro Paiol Cultural mantém em suas paredes a história das artes cênicas de São Paulo, em 1974, Nelson Rodrigues, conhecido por seus textos envolventes e provocadores, aplaudia a encenação de “Bonitinha, Mas Ordinária” com direção de Antunes Filho, pouco tempo depois Nicette Bruno e Paulo Goulart assumiram a gestão do espaço.
A sala com seus tijolos datados aparentes serviu de palco para grandes encontros artísticos e espetáculos, foi o primeiro teatro paulistano de pequeno porte a contar com urdimento, mais tarde livraria e cineclube, mas também teve seu momento de decadência, ao fechar suas portas em 2007 e reabre dois anos após como cinema de filmes pornográficos, mas não durou muito, o cenário cultural pulsa mais forte na cidade, e hoje, o Teatro Paiol Cultural surge renovado, com detalhes históricos aparentes, para não perder sua essência, e com uma programação cênica inédita com o “Festival de Monólogos”, idealizado pelo visagista e produtor Anderson Bueno e pelo jornalista Paulo Sanseverino.
Atualmente, o teatro é gerenciado por cinco sócios, que são: Flávio Wongálak, diretor cultural e produtor, Anderson Fiorese, diretor corporativo, Magdala Mattos, professora de dança e produtora, Bella Bianco, professora teatral e assistente de direção e Luana Bazzana, administradora financeira, que juntos revitalizaram o prédio e acreditam na revitalização cultural da região central de São Paulo. “Uma inovação a cada etapa, todos os sócios possuem uma visão ampla em questões de conforto, requinte e segurança, é claro, que há muito a ser feito, considerando o estado em que se encontrava, mas já é possível perceber uma mudança radical e também permitindo visivelmente acompanhar cada nova mudança, por que a reforma verdadeira é contínua e não vamos parar até que volte a ser referência em cultura”, ressalta Flávio Wongálak.
“O Teatro Paiol Cultural trouxe um novo respiro para a região, onde estava muito esquecida pós-pandemia. A nova fachada trás um toque requintado incentivando aos novos comércios a seguirem os mesmos moldes aproveitando também a construção de mais três prédios vizinhos, onde pretendemos fazer parcerias para criação e fidelização de público, mantendo movimento constante e construindo um ambiente familiar”, complementa Wongálak.
Com estreia marcada para janeiro de 2023, o “Festival de Monólogos” fará parte do calendário anual do Teatro Paiol Cultural, unindo artistas consagrados e novos talentos. O ator Nilton Bicudo fará a abertura da temporada com o espetáculo “O Antipássaro”, seguido de Angela Dippe, Don Ernesto, Nany People, Bruno Motta, Laura Fajngold, Renata Ricci, Renata Brás, Myrian Rios e André Mattos.
O espaço reabriu suas portas em novo formato em setembro deste ano com o espetáculo “A Dama das Camélias”, peça premiada internacionalmente, escrita e dirigida pelo ator Roberto Cordovani que também atuou no papel principal, e agora reformado, estreia em grande estilo em 2023.
“Fiquei muito feliz quando fui convidado a criar uma ação que pudesse trazer de volta os áureos tempos de um teatro tão icônico para a cidade como o Paiol. O desafio é grande, mas quando vi um grupo de amigos se unindo, com investimentos próprios, sem leis de incentivo, vi que temos pessoas que acreditam na arte de verdade. Um ‘Festival de Monólogos’ é a forma prática, sem muitas despesas com questões técnicas que pode trazer peças de diferentes gêneros e principalmente um público variado que inclusive não conhece o espaço e sua importância”, reforça Anderson Bueno.
“Durante toda a sua existência, o Teatro Paiol Cultural nunca possuiu um nome em sua sala de espetáculos, talvez por ser única, mas a atual gestão inovou trazendo com coragem um nome desconhecido por muitos, mas conhecido pela classe artística – a sala Paulo Perez. O nosso intuito é fazer conhecer esse grande ator, diretor e coreógrafo que iniciou sua carreira juntamente com a fundação desse teatro e nele deixou sua marca colocando todo o seu amor e talento”, finaliza Flávio Wongálak.