Para propor um novo conceito de galeria de arte, três experientes profissionais do setor se reuniram para dar vida à Galatea. Antonia Bergamin, que cresceu rodeada de arte e esteve à frente por quase uma década como sócia-diretora de uma galeria de grande porte em São Paulo; Conrado Mesquita, marchand e colecionador especialista em descobrir grandes obras em lugares improváveis; e Tomás Toledo, curador que contribuiu ativamente para a histórica renovação curatorial e institucional do MASP, de onde saiu recentemente como curador-chefe. O encontro dos três, que têm em comum um despertar precoce do gosto pela arte, promete agregar conhecimentos e visões complementares, para garantir a máxima excelência do trabalho.
A história de amor e arte contada pela mitologia grega, e que ao longo dos séculos já foi representada por diversos artistas do mundo todo, inspirou o nome da mais nova galeria de São Paulo. Ao esculpir em marfim Galatea, uma figura feminina, o artista Pigmaleão apaixona-se por sua própria obra e passa a adorá-la. A deusa Afrodite, comovida por tal devoção, transforma a estátua em uma mulher de carne e osso para que criador e criatura possam, enfim, viver uma relação verdadeira. É dessa perspectiva, de que aquilo que torna a arte verdadeiramente excepcional e o conjunto de relações envolvidas em todo seu desenvolvimento, que a galeria Galatea ambiciona, por meio de relações cada vez mais significativas, dar ainda mais vida e paixão à arte.
Além de nomes já consagrados do cenário artístico nacional, o resgate de artistas históricos e a busca de novos talentos formam os principais pilares para a conexão de diversas frentes artísticas que os sócios da Galatea aspiram para suas realizações.
De artistas consolidados a novos talentos, do clássico ao contemporâneo, do canônico ao não-canônico: um ponto de convergência de conexões valiosas que, na visão de Antonia, Conrado e Tomás, criam diálogos surpreendentes que prometem elevar e aprofundar a experiência de todos aqueles envolvidos no processo.
Além da conexão entre gêneros e períodos, a galeria também aposta na relação entre artistas, colecionadores e galeristas. De um lado, o respeito ao tempo criativo e o incentivo ao desenvolvimento profissional com acompanhamento curatorial. Do outro, a escuta e a transparência constante. Ao estreitar laços, com um olhar sensível ao que é importante para cada um, Galatea enaltece as relações que se criam em torno da arte – porque acredita que fazer isso também é enaltecer a arte em si.
Para sua estreia, a galeria anuncia a participação em três grandes feiras de arte no segundo semestre: a SP-Arte, em São Paulo; a Independent 20th Century, em New York, e a ArtRio, no Rio de Janeiro.
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Para a SP-Arte, que acontece em agosto, a Galatea propôs uma coleção de artistas brasileiros que lidam em suas obras com composições geométricas construídas a partir da trama e da grade, que dialogam indiretamente com parte da tradição estética da produção artística e de artefatos indígenas. Entre os artistas, integralmente brasileiros, estarão grandes nomes como Alfredo Volpi, Lygia Clark, Sergio Camargo, Ione Saldanha e Montez Magno.
Na primeira quinzena de setembro, a Galatea leva para a 20th Century 2022 a exposição monográfica do acreano Chico da Silva (1910-1985), artista autodidata de ascendência indígena, que se estabeleceu em Fortaleza, onde desenvolveu em suas obras imagens das culturas, cosmologias e mitologias indígenas e populares brasileiras.
Para a ArtRio, a galeria apresenta o trabalho do jovem artista carioca Allan Weber (1992), que retrata em fotografia e articula em objetos e instalações, com uma visão artística única, o cotidiano das periferias cariocas. Weber ressalta em seu trabalho a forte coletividade da vida na favela – a dinâmica dos bailes funk, os amigos fazendo churrasco na rua e pintando o cabelo uns dos outros.
A primeira exposição na galeria está prevista para novembro e será uma individual do artista baiano José Adário (1947), que emergiu no contexto dos ferreiros de candomblé e umbanda de Salvador. Seu sofisticado trabalho em escultura de ferro, produzido inicialmente como instrumento religioso, vem ganhando cada vez mais espaço no contexto da arte contemporânea e terá sua primeira apresentação individual em São Paulo.
Galatea ocupa um charmoso endereço na Rua Oscar Freire, 379, loja 1, nos Jardins, tradicional bairro de São Paulo e passará por uma reforma para abrigar a sua primeira exposição em novembro.