Elza Soares (1930-2022) segue viva em suas canções e no legado eterno de sua contribuição para a cultura brasileira. Ela dizia que “Um país que não reconhece seus negros em vida é um país póstumo”. Ela, que por décadas passadas foi barrada em hotéis de luxo, aos 91 anos reinou no Theatro Municipal de São Paulo cantando ao lado de um pianista negro. O registro, feito nos dias 17 e 18 de janeiro de 2022 (Elza faleceu dois dias depois), traz um álbum visual documental com linguagem cinematográfica com o patrocínio de Natura Musical.
ELZA SOARES E NEY MATOGROSSO FAZEM CORO PELA CAUSA INDÍGENA EM “DEMARCAÇÃO JAZZ”
Do material está sendo lançado também um clipe, gravado na sala onde agora acontece a exposição ‘Contramemória’, parte da programação do centenário do movimento Modernista no Brasil. No vídeo inédito, a cantora dialoga, a partir de seu corpo, performance, músicas, vestes e adereços, com a própria estrutura do Theatro, tensionando assim a formalidade e o estilo neoacadêmico da construção. Quem for conferir a exposição, em cartaz até 5 de junho poderá ver o clipe de “Meu Guri” por meio de um QR Code. O clipe tem direção geral de Pedro Loureiro e direção cinematográfica de Cassius Cordeiro, sócio fundador e diretor da produtora Broders e um dos idealizadores do projeto “Elza ao vivo no Municipal”. Cordeiro, que já havia trabalhado com Elza, tem no currículo a cinebiografia musical de outros nomes da música popular brasileira, como Alcione, João Donato, Gilberto Gil, Toquinho, Caetano Veloso e Milton Nascimento.
A música de Chico Buarque e cantada por Elza abre o álbum e DVD “Elza ao Vivo no Municipal”, que será lançado no dia 13 de maio. Elza é acompanhada do pianista Fábio Leandro e canta com a propriedade de quem perdeu um filho para a fome, como ela mesma dizia, os versos: “Quando seu moço nasceu meu rebento não era o momento dele rebentar. Já foi nascendo com cara de fome, eu não tinha nem nome pra lhe dar. Como fui levando não sei lhe explicar, fui assim levando ele a me levar. E na sua meninice ele um dia me disse que chegava lá. Olha aí. Olha aí. Olha aí o meu guri olha aí”. Ouça abaixo:
“Este projeto, assim como os demais selecionados pelo edital Natura Musical, tem a potência de gerar impacto positivo no ecossistema onde está inserido. Isso se traduz em ações de inclusão, sustentabilidade, apoio à diversidade e educação. São pilares fundamentais para as mudanças que desejamos vivenciar no mundo”, afirma Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding.
SERVIÇO
Exposição “Contramemória”
Onde: Theatro Municipal de São Paulo
Endereço: Praça Ramos de Azevedo s/nº, Centro – SP
Quando: 18 de abril a 5 de junho
Horário: terça-feira a sexta-feira, 11h às 17h e sábado e domingo, 10h às 15h
Quanto: entrada gratuita – retirada dos ingressos pelo site – dois ingressos por pessoa