“Reflorestar o peito”. Essa é a expressão (e obra) que Maré de Matos usa para compartilhar a necessidade que sente diante dos cenários histórico, social, político e ambiental da atualidade. A artista interpela desigualdades estruturais na língua da poesia na exposição individual ‘Mais Valor que Valia’ na Galeria Lume.
Tecido, bordado, fotografia, tinta, ferro, plástico, são parte da materialidade que carrega as simbologias das criações de Maré. A artista mineira denuncia a relação equivocada entre desenvolvimento e devastação, que assola seu estado Minas Gerais e o país. Nas obras que compõem a exposição, ela versa sobre a construção da ideia de valor articulada pelo capitalismo e as crises de valor que afetam a humanidade.
A invenção de valores formados no período colonial que impactam nos dias atuais é um dos pontos importantes de discussão e mensagem escancarada na produção dessa artista transdisciplinar.
Maré brinca seriamente com a semântica e a arte. “Mais nascimento que morte”, “Mais rio que resíduo”, “Mais montanha do que minério”, “Sertão Doce” (sobre a contaminação do Rio Doce por lama tóxica após rompimento das barragens em Mariana, Minas Gerais), “Falar com estranhos” são títulos de obras que exemplificam o jogo de palavras e conceitos abordados pela artista.
“Falo de uma bagunça cognitiva que nos desvincula de valores fundamentais, como a preservação da natureza, e proponho a conexão com recursos importantes, como a sensibilidade e a atenção. Não é sobre mim, é sobre paradigmas que afetam a humanidade”, declara Maré.
SERVIÇO
Exposição “Mais Valor Que Valia” de Maré de Matos
Onde: Galeria Lume
Endereço: Rua Gumercindo Saraiva, 54 – Jardim Europa, São Paulo
Quando: 23 de fevereiro até 26 de março
Horário: segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 11h às 15h
Quanto: entrada gratuita
Informações: (11) 4883-0351 ou através do site