No ano em que completa uma década de existência, a Mostra Ecofalante de Cinema realiza sua 10ª edição no momento em que o debate a respeito de questões sociopolíticas e ambientais se faz mais necessário. O maior evento audiovisual da América do Sul dedicado ao tema acontece em meio aos maiores índices de desmatamento e desemprego já registrados no país. Em âmbito mundial, dados da Agência Americana Oceânica e Atmosférica (NOAA) divulgados na última sexta (13) apontam julho de 2021 como o mês mais quente já registrado na história.
O que esses fatos têm a ver um com o outro? Tudo. Intitulado ‘Parem de Queimar Nossos Direitos’, relatório da Anistia Internacional, também publicado nesta sexta, aponta que as mudanças climáticas aumentam as desigualdades sociais, na medida em que a população mais vulnerável dos países mais pobres é quem mais sofre os efeitos dessas transformações. O contínuo degelo das calotas polares e a consequente elevação do nível dos oceanos, as sucessivas ondas de calor e frio extremos, a maior incidência de ciclones, tempestades e incêndios florestais são alguns dos fenômenos causados pelo aumento progressivo da temperatura média global, desencadeada, como se sabe, pelo efeito estufa gerado pelas espantosas emissões de carbono ao redor do planeta.
‘A Campanha Contra o Clima’ revela o complô de petrolíferas para desqualificar os estudos sobre o aquecimento global
Há 10 anos a Mostra Ecofalante alerta não só a respeito da necessidade de se conter as emissões desses gases, mas também sobre a importância de se adotar políticas econômicas e industriais sustentáveis, diretamente associadas à exploração consciente dos recursos naturais do planeta. Pois outro relatório, divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no início da semana, conclui não só a inequívoca participação humana nas alterações do clima nas últimas décadas, como ser quase impossível frear o aquecimento global nos próximos 30 anos. A crescente escassez de água potável e alimento é apenas uma das catastróficas consequências futuras, sem falar nos prováveis conflitos armados entre nações.
Já não é apenas necessário, mas urgente cobrar de governos e autoridades medidas efetivas contra esse terrível prognóstico. O clamor popular é fundamental para que isso aconteça. Por isso, já passou da hora para aquele que, egocentricamente, ainda acha que o urso polar é o único ameaçado nessa história rever seus princípios. Indicar a Mostra Ecofalante é um ótimo caminho para isso.
Entre os 101 filmes de 40 países que compõem a programação deste ano, entre curtas, médias e longas-metragens, 30 são inéditos no país, com destaque para ‘Jogo do Poder’ (acima), novo filme do consagrado cineasta grego Costa-Gravas, vencedor do Oscar de melhor roteiro e da Palma de Ouro do Festival de Cannes em 1983, por ‘Desaparecido’. A produção acaba de estrear também em nossos cinemas e sua trama aborda as obscuras negociações políticas na União Europeia.
Trailer de A História do Plástico
Outra pré-estreia importante é a de ‘A Bolsa ou A Vida’. Sempre provocante, o novo filme de Silvio Tendler, um dos mais importantes documentaristas do país, discute os rumos econômicos e sociais no pós-pandemia. Também merece atenção ‘A História do Plástico’, documentário de Deia Schlosberg que disseca todo o processo de fabricação, uso e descarte inconsequente do material na natureza.
A programação diária da Mostra, que também conta com debates entre cineastas e especialistas transmitidos ao vivo, pode ser acessada aqui. Assim como em 2020, por conta da pandemia o evento acontecerá de forma remota, com sessões acessadas através do site. Pelo mesmo motivo, contudo, seu período novamente se estenderá por mais de um mês, ao contrário das duas semanas que normalmente compõem sua versão presencial.
10ª Mostra Ecofalante de Cinema – De 11 de agosto a 14 de setembro de 2021 – online e gratuita
