O talento das artesãs que trançam com maestria a palha de carnaúba, árvore nativa do semiárido, será apresentado na exposição “A Casa AMA Carnaúba”, na Casa Museu do Objeto Brasileiro, em São Paulo. Bolsas, mesas, luminárias, pufes, cestos, tapetes e outros objetos exclusivos são feitos manualmente pelas moradoras do Vale do Jaguaribe, a cerca de 180 quilômetros de Fortaleza, Ceará.
A exposição é uma parceria da “A CASA Museu do Objeto Brasileiro” com AMA, água mineral que investe todo seu lucro para levar água às famílias do semiárido e ajudar no desenvolvimento da região. No início de 2018, AMA e A CASA começaram um trabalho de capacitação e inovação do artesanato feito com palha de carnaúba com cerca de 90 artesãs em Sítio Volta, Sítio Caiçara e Santa Luzia, além das cidades vizinhas Itaiçaba e Palhano. Sítio Volta e Sítio Caiçara, no município de Jaguaruana foram as primeiras comunidades atendidas pela empresa. Por lá, a marca de água construiu poços profundos e sistemas de distribuição de água gerados por energia solar. No trabalho de capacitação, as artesãs aprenderam sobre processo de criação e precificação das peças e participaram de oficinas de trançado, tingimento e costura.
Antes, a seca típica do semiárido levava as famílias a caminharem até 6 horas por dia em busca de água. Com água limpa chegando a cada casa das comunidades, a realidade dos moradores começou a mudar e eles puderam dedicar seu tempo a atividades que geram renda, como o artesanato. “Primeiro, levamos água limpa e agora queremos ajudá-los a criar empregos, renda e a preservar a cultura nativa do trabalho com a carnaúba. A exposição é um exemplo do que é possível conquistar quando as pessoas têm o básico”, comemora Carla Crippa, diretora de sustentabilidade da Ambev e uma das idealizadoras de AMA.
A parceria com A CASA ajudou a aprimorar o artesanato típico do semiárido e garantir um valor agregado maior para as peças vendidas. Há mais de 20 anos o museu paulista promove o artesanato brasileiro com exposições e ações em diferentes comunidades, compartilha conhecimento e, principalmente, valoriza a diversidade de técnicas tradicionais encontradas em cada região do país. O museu convida designers de artesanato que trazem a produção artesanal tradicional para o contemporâneo, mas sem que haja alterações nas técnicas já dominadas pelo artesão.
O designer de artesanato Renato Imbroisi, que trabalha há 30 anos com comunidades, cooperativas e associações, assina a curadoria do projeto. A coordenação é de Eliane Guglieme e a supervisão de Renata Mellão, diretora geral da CASA. “O que mais me surpreendeu nesse projeto foi o envolvimento da comunidade e o potencial de transformação local que pudemos proporcionar a eles”, revela. Desde o início do ano, o trio uniu-se às designers Liana Bloisi, Cristiana Pereira Barreto, Lui Lo Pumo e Tina Moura, e ao mestre-artesão João de Fibra. Nos últimos meses, o grupo trabalhou com as artesãs para que as peças fossem produzidas com novas cores, diferentes tipos de trançado, grafismos e maior variedade de produtos. “Em alguns desses locais, as artesãs restringiam sua produção a chapéus e vassouras. A partir desse trabalho, em pouquíssimo tempo, elas se aperfeiçoaram e expandiram sua produção, multiplicando sua cartela de produtos e, consequentemente, seus retornos”, completa o curador.
Com o trabalho nas cinco comunidades, o projeto proporcionou a troca de saberes e experiências entre os pequenos povoados. Cada uma delas ficou responsável por coleções específicas. Enquanto algumas produziram peças com a fibra natural para a fabricação de bolsas, mesas e bancos, outras se especializaram na criação de cestos, de diferentes tamanhos e modelos. Já as artesãs de Itaiçaba e Palhano criaram produtos feitos com palha de carnaúba tingida. Todas as peças estarão à venda na exposição. Todo o projeto, desde a capacitação das artesãs até os objetos da mostra, está registrado no livro A CASA AMA Carnaúba, que também estará disponível no museu.
SERVIÇO
Exposição “A Casa AMA Carnaúba”
Onde: Museu do Objeto Brasileiro
Endereço: Avenida Pedroso de Morais, 1216, Pinheiros – São Paulo
Quando: 6 de setembro a 4 de novembro
Horário: terça a domingo das 10h às 18h30
Quanto: gratuita