Inspirada na frase do filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, o Festival Satyrianas 2025 celebra o poder transformador da arte e da resistência com o tema “Nós Vamos Sorrir”, homenagem à resiliência da cultura brasileira, à dignidade dos artistas e, especialmente, ao universo do circo e do palhaço. Nesta edição, o festival, que integra o Calendário Oficial da Cidade e do Estado de São Paulo, presta tributo ao grupo Parlapatões, parceiro histórico d’Os Satyros no fortalecimento da cena artística do centro de São Paulo, na Praça Roosevelt.
A homenagem se estende a Hugo Possolo e Raul Barretto, figuras fundamentais do teatro e do humor no país. A Satyrianas 2025 estará concentrada na região da Praça Roosevelt, nos seguintes espaços: Cine Satyros Bijou, Espaço dos Satyros, Espaço Parlapatões, Lona Satyrianas, Mamadi, SP Escola de Teatro, Studio Satyros e Tenda Satyrianas, além dos eventos que ocorrerão em duas áreas abertas na Praça Roosevelt. Além do Esquenta e da Abertura, que acontecerão na segunda, terça e quarta feiras, a partir de quinta-feira a Satyrianas contará com 80 horas ininterruptas de programação. Eventos acontecem do dia 17 até meia-noite do dia 23 de novembro.
O Festival Satyrianas recebeu este ano 520 inscrições de 21 estados brasileiros, além dos internacionais. Além dos inscritos, foram realizados mais de 50 eventos dirigidos a artistas especialmente convidados para esta edição. O público estimado é de 25 mil espectadores. A programação reúne espetáculos de teatro, circo, dança, contação de histórias, digital, infantil, juvenil, performance, shows musicais, além de cinema, literatura, workshops e eventos especiais. Em eventos especiais destaque para o Esquenta, a Abertura, Autopeças, Cia Base, Dramamix, Fotomix, Gambiarra, Satyribilidade, Satyriblack, Satyrigrantes, Satyrinários, Satyritrans, Sprints Críticos e Show de Boate.

“Vou Tirar Você Desse Lugar”O festival reúne nomes consagrados e novas vozes das artes cênicas do país. A Satyrianas 2025 conta com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura e mantém sua tradição de acesso democrático: o público paga quanto quiser para assistir aos espetáculos. “Entre os destaques, eu diria que são: o documentário sobre Odair José, os textos inéditos de dramaturgos reconhecidos no Dramamix, a presença de um dos diretores de teatro alemães mais importantes, Robert Schuster, a participação de espetáculos de todas as regiões do país, além da programação que destaca a diversidade da produção cultural brasileira contemporânea”, ressalta Rodolfo García Vázquez, fundador do grupo teatral Os Satyros ao lado de Ivam Cabral.
“A Satyrianas sempre foi uma celebração da cultura em que artistas e o público compartilham momentos de comunhão através da arte. É por isso que este ano nós vamos sorrir”, comenta Rodolfo. “As Satyrianas foi reafirmando sua importância social e cultural. É uma grande celebração teatral da cidade de São Paulo, a festa dos artistas em homenagem à população da cidade”, completa Ivam Cabral, informando a participação de um dos mais importantes diretores da cena teatral alemã contemporânea, Robert Schuster, realizando um work in progress.
A programação começa com o Esquenta Satyrianas – 17 e 18 de novembro:
17 de novembro, segunda – Exibição do documentário “Vou Tirar Você Desse Lugar”, sobre a trajetória de Odair José, seguida de debate com o cantor e a diretora do filme. No Cine Satyros Bijou. O documentário é uma travessia poética pelo imaginário subversivo de Odair José – cantor e compositor cuja trajetória desafiou oralismos, atravessou ditaduras e tocou o coração do povo com uma honestidade feroz. O filme não pretende ilustrar uma biografia linear, mas sim embaralhar tempos e afetos para revelar o pensamento artístico de um homem que ousou falar de sexualidade, aborto, fé e desejo em um país marcado pela repressão. Entre arquivos, performances e delírios visuais, a obra se constrói como um manifesto sensível sobre liberdade e contracultura.

"La Mínima"18 de novembro, terça – Exibição do documentário “Cuba Libre”, de Evaldo Mocarzel, que acompanha a viagem da atriz trans e diva da Praça Roosevelt, Phedra D. Córdoba à Cuba, em 2009. Após a sessão, haverá debate com o diretor e integrantes d’Os Satyros, recém-chegados de Havana, onde participaram do Festival Internacional de Teatro de Havana, com o espetáculo “A Casa de Bernarda Alba”.
A abertura oficial acontece no Espaço dos Parlapatões, no dia 19 de novembro, com o espetáculo de repertório “A Cabeça de Yorick”, do grupo homenageado. A noite contará ainda com atrações musicais e a participação dos Doutores da Alegria, reforçando o espírito festivo, solidário e inspirador da edição.
Dando continuidade à pesquisa sobre “teatro ciborgue”, desenvolvida pela Cia. Os Satyros ao longo dos últimos 16 anos, nasce “Peça Para Salvar o Mundo”, uma experiência cênica inovadora em que o protagonismo não cabe a atores em cena, mas a um avatar interativo. Em tempo real, ele dialoga com o público e coleta informações para construir, junto aos espectadores, estratégias de sobrevivência diante das grandes ameaças que assolam a humanidade: epidemias, crise climática, intolerância social, guerras e o risco do auto-extermínio.
Animado remotamente pela atriz Mariana Leme e pelo designer de inteligência artificial generativa Thiago Capella, o avatar ganha vida no palco com múltiplas identidades, ora robô, ora mulher, homem, criança, idosa, transformando-se continuamente ao longo da encenação. Cada transformação responde aos temas e às emoções que emergem do encontro com o público, revelando-se como performatividade pulsante em cena.
O espetáculo é uma radicalização da relação entre arte, tecnologia e inteligência artificial. Um experimento que tensiona os limites do teatro contemporâneo para refletir, de maneira urgente e sensível, sobre a fragilidade do nosso futuro comum.
Com idealização e dramaturgia de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, que também assina a direção, a obra é parte do curso que o diretor ministra atualmente na Ernst Busch, principal escola de teatro da Alemanha. Mais informações e programação completa no site.
Ao longo de seus 25 anos, o festival consolidou projetos contínuos, como o Dramamix, com dramaturgias inéditas de artistas convidados, além de abrir espaço para inovações e experimentações a cada edição. Em 2012, o festival foi retratado no docuficcional “Satyrianas, 78 Horas em 78 Minutos”, que trouxe depoimentos de figuras como Zé Celso Martinez e Rubens Ewald Filho, consolidando-o como referência cultural na América Latina.
O Festival Satyrianas foi criado em 1990 como um evento em saudação à primavera, marcado pela resistência cultural em um momento crítico da história brasileira. Naquela ocasião, o grupo Os Satyros manteve o Teatro Bela Vista aberto ininterruptamente por quatro dias e noites, recebendo artistas de diversas linguagens. Depois de um período na Europa, Os Satyros retornaram à Praça Roosevelt em 2000 e o festival consolidou sua identidade e hoje celebra um legado de resistência e acolhimento artístico, com atividades gratuitas ou a preços acessíveis.
A Companhia de Teatro Os Satyros (1989) é um grupo teatral brasileiro com linguagem essencialmente experimental, de repertório rico em abordagens críticas, fundada por Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez.


